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Já faz algum tempo que isso se tornou uma regra não-escrita do tênis de altíssimo nível: quem briga por título de slam não compete na semana imediatamente anterior ao grande evento. Os torneios encaixados nesses períodos do calendário são, de modo geral, modestos ATPs 250. Não vale a pena correr o risco de lesão jogando por tão pouco. Além disso, seria melhor estar já na sede do slam, adaptando-se às condições do evento.

Este ano, Novak Djokovic desafia o senso comum e opta por entrar em quadra esta semana, num fraquíssimo ATP 250 de Belgrado, um torneio cuja chave só tem mais um top 30, e estou falando de Gael Monfils, #14 do mundo, veterano que só venceu uma partida nos últimos 15 meses (desde o começo da pandemia, e o triunfo foi sobre o brasileiro Thiago Wild). Competindo neste nível, em condições diferentes das que vai encontrar em Paris, o que o número 1 do mundo tem a ganhar?

Em defesa do número 1, é fácil entender os motivos para a opção incomum. O torneio é organizado por sua família, na sua cidade, no Novak Tennis Centre. Não é preciso dizer muito mais. Outro "atenuante" para Djokovic é o fato de o torneio ser jogado com as bolas Wilson Roland Garros, as mesmas que estão sendo usadas em Paris. Tivesse mantido as Dunlops usadas no ATP de Belgrado de um mês atrás, a organização estaria vendo uma chave ainda mais fraca.

Também é importante dizer que Djokovic fez ajustes em seu calendário para poder se dar o luxo de jogar em casa. Em vez da habitual sequência Monte Carlo-Madri-Roma (três Masters 1000), o sérvio pulou o torneio da capital espanhola, evitando o desgaste. Atuou em Mônaco, em Belgrado, na Itália e está agora em Belgrado mais uma vez, com uma semana de folga desde a derrota para Rafael Nadal na final do Masters 1000 de Roma. Ou seja, minimizou os riscos.

Esportivamente, contudo, há o que ganhar? O que alguém como Djokovic, que está abertamente tentando alcançar os 20 slams de Federer e Nadal, pode levar de Belgrado para Roland Garros? Confiança? Ritmo de jogo? As respostas são "sim" e "sim", embora ambas tenham efeito limitado. Nole vem de final em Roma, um Masters 1000, e qualquer vitória em Belgrado será analisada a partir de "não fez mais do que a obrigação". Quanta confiança pode se levar jogando nessas circunstâncias? Pouca. Ritmo de jogo, por sua vez, nunca é ruim, mas em outra cidade, "roubando" valioso tempo de treino em Roland Garros? Não parece tão importante assim.

Resumindo? Nole estará longe de Paris, numa chave fraca e correndo - ainda que pouco - risco de lesão e desgaste com jogos em dias consecutivos e às vésperas de um slam. Difícil acreditar que ele faria o mesmo em outra cidade. No fim das contas, a participação de Djokovic no ATP 250 de Belgrado conta mesmo é para valorizar o negócio da família...

Odds que eu acho que acho interessantes:

Além do ATP 250 de Belgrado, onde Djokovic é favoritíssimo, o calendário do tênis inclui um interessante WTA 250 em Estrasburgo, com Bianca Andreescu e Jessica Pegula, e o qualifying de Roland Garros, onde João Menezes e Felipe Meligeni avançaram à segunda rodada, e Thiago Wild perdeu de virada para o veterano Viktor Troicki. Vejamos o que pode valer a pena para os próximos jogos (e não se esqueça de voltar aqui toda noite para ver mais sugestões de odds para os dias seguintes!).

Para quem prefere apostas individuais, sugiro ficar de olho em Istomin sobre Dzumhur (odds de 5,00), Roberto Cid Subervi sobre Francisco Cerúndolo (4,00), Aubane Droguet sobre Elena Gabriela Ruse (8,00) e Natalia Vikhlyantseva sobre Viktoriya Tomova (3,75) - todos no qualifying de Roland Garros. Em Belgrado, um triunfo de Federico Coria sobre Pablo Cuevas não seria o fim do mundo (3,40), enquanto em Parma uma vitória Sam Querrey sobre Yoshihito Nishioka paga 4,00.

Vamos, então, às combinadas do dia?

Combo 1: Lajovic sobre Chardy (Belgrado), Ruusuvuori sobre Gombos (Parma) e Cuevas sobre Federico Coria (Belgrado). Lajovic e Cuevas são favoritos, mas Ruusuvuori, não. O finlandês só fez duas partidas no saibro em 2021 e perdeu ambas. No entanto, vale o risco aqui para aumentar as odds porque Gombos não é nada imbatível e entrou na chave como lucky loser. Odds combinadas de 7,32.

Combo 2: Tan sobre Van Uytvanck, Alexandrova sobre Burel e Pegula sobre Rus. Odds de 4,13. Essa é aquela combinada humilde que tem a intenção de salvar o dia se as outras derem errado. A única zebra que precisa acontecer é uma vitória de Harmony Tan sobre Alison Van Uytvanck, que vem de quatro derrotas seguidas. Não é o mais improvável dos cenários.

Combo 3: Querrey sobre Nishioka, Johnson sobre Vesely e Ymer sobre Munar. Odds de 44,95. Okay, essa aqui é insana, mas já que é pra arriscar, por que não? Querrey ainda não jogou no saibro e não ganha um jogo desde a Austrália, então ele é azarão contra um Nishioka que não vem fazendo nada de espetacular. Steve Johnson, por sua vez, faz apenas seu segundo jogo no saibro em 2021, por isso é um azarão com justiça, maaaas Jiri Vesely, que voltou na semana passada após contrair covid-19, abandonou seu jogo em Oeiras. Não se sabe como ele está fisicamente. Por fim, se a gente acredita que Querrey e Johnson podem vencer, por que não crer em Mikael Ymer, que furou o quali, contra Munar?

Combo 4: sabe aquela famosa e sonhada virada dupla? Hoje vamos de Lorenzo Musetti sobre Gianluca Mager e Fernando Verdasco sobre Adrian Mannarino. Odds de 56,00.