Saibro esquenta de verdade em Monte Carlo
Parece justo dizer que os ATPs da semana passada, em Cagliari e Marbella, foram uma entradinha para o grande banquete que é a temporada de saibro do circuito masculino. E o primeiro prato vem nesta semana, com o Masters 1000 de Monte Carlo. Será o primeiro torneio desde o Australian Open a contar com Rafael Nadal e Novak Djokovic. Espanhol e sérvio, que venceram 13 das últimas 15 edições do torneio, estão em chaves separadas, e a expectativa é de que os dois se encontrem no domingo, na decisão.
Até lá, porém, tem muita água a rolar. O número 1 do mundo tem um caminho mais complicado, que pode incluir Jannik Sinner na estreia, Hubert Hurkacz nas oitavas, Alexander Zverev nas quartas e Stefanos Tsitsipas na semi. Não é a chave dos sonhos de Djokovic. Rafa, por sua vez, é o cabeça 3, mas é o favorito na parte de baixo da chave porque o cabeça 2, Daniil Medvedev, não tem nem bom histórico no saibro nem apreço por jogar na terra batida. Logo, pode ser até que os dois nem se encontrem nas semifinais. Por enquanto, o rival mais perigoso de Nadal parece ser o também russo Andrey Rublev, que pode encontrá-lo nas quartas.
Dominic Thiem, outro nome forte no saibro, está fora, recuperando-se de lesão, enquanto Roger Federer normalmente se poupa nesta época do ano. A expectativa é de que o suíço jogue apenas um torneio (possivelmente Madri) no saibro. Por enquanto, ele não está inscrito nem em Roland Garros. Se os os dois fazem inegável falta, Stefanos Tsitsipas e Alexander Zverev deixam a chave de cima, digamos, mais animada. São, sim, adversários que podem causar problemas a Djokovic.
Outra grande atração do torneio monegasco é a presença de Toni Nadal, tio de Rafa, que agora aparece como técnico do canadense Félix Auger-Aliassime. "Tio Toni" estreou no box de Félix nesta segunda-feira, mas a partida contra o chileno Cristian Garín foi suspensa por chuva. Auger-Aliassime vencia o primeiro set por 4/2, e ainda é cedo para fazer grandes análises ou julgamentos sobre o possível sucesso dessa parceria.
A chave de duplas tem dois brasileiros. Marcelo Melo, que agora faz parceria com o holandês Jean-Julien Rojer, tenta voltar a encontrar o caminho até as vitórias. O time perdeu cinco dos seis jogos que fez e estreia em Monte Carlo como azarão diante de Rajeev Ram e Joe Salisbury, cabeças 5. O duelo estava empatado em 3/3 no primeiro set quando foi interrompido pelo mau tempo. O outro brasuca é Marcelo Demoliner, que ganhou um convite para repetir a dupla com Medvedev. Eles jogaram juntos em 2019 e foram até as quartas de final, mas desistiram porque o russo estava vivo na chave de simples e não queria se desgastar nas duplas. Este ano, Marcelo e Daniil estreiam contra Grigor Dimitrov e David Goffin.
Billie Jean King Cup: Brasil x Polônia
No circuito feminino, é semana de Billie Jean King Cup (novo nome da Fed Cup, competição entre países equivalente à Copa Davis). O Brasil vai até a Polônia nos playoffs que valem uma vaga na fase de classificação do ano que vem. Se vencer, o time verde-e-amarelo joga os Qualifiers em 2022, com chance de avançar à fase final. Se perder, a equipe é rebaixada para o zonal e voltará a competir com os rivais da América do Sul. As polonesas são favoritas, mas ainda não há odds abertas nas casas de apostas.
E os outros brasileiros?
A maioria do contingente brasileiro compete em torneios menores esta semana. Thiago Wild e João Menezes estão no Challenger de Orlando, enquanto Pedro Boscardin e Mateus Alves buscam pontos no M15 de Monastir, na Tunísia. Entre as mulheres, Bia Haddad Maia optou por não defender as cores do país para disputar o W60 de Oeiras, em Portugal.
Odds que eu acho que acho interessantes
Entre as odds mais seguras, sugiro Casper Ruud sobre Holger Rune (1,20), Roberto Bautista Agut sobre Taylor Fritz (1,40) e Pablo Carreño Busta sobre Stefano Travaglia (1,44) - todos em Monte Carlo. Em Orlando, a vitória de Thiago Wild sobre Facundo Mena, que vem de sete derrotas consecutivas, paga 1,20. Nas duplas, Demoliner e Medvedev são favoritos (1,44) contra Goffin e Dimitrov. Além disso, as odds de 1,25 para Rafa Nadal ganhar seu quarto da chave parece até generosas, já que seu único adversário de peso deve ser Andrey Rublev, que não é tão perigoso no saibro quanto em quadras duras. O mesmo vale para as odds de 1,28 para que os dois finalistas sejam cabeças de chave. Num torneio de saibro com Nadal e Djokovic em chaves opostas, difícil enxergar alguém capaz de derrotá-los e/ou alcançar a final fora da lista de cabeças de chave.
Minha lista de odds ousadas-mas-nada-impossíveis inclui Albert Ramos sobre Jannik Sinner (3,00), Adrian Mannarino sobre Federico Delbonis (4,33) e Guido Pella sobre Lucas Pouille (1,80) em Monte Carlo. Vale também considerar um vitória de virada de Tsitsipas sobre Karatsev (7,00). Enquanto o grego fará sua estreia no torneio, o russo já venceu na primeira rodada da chave principal. Em Orlando, por sua vez, vale pensar numa vitória de Denis Kudla sobre João Menezes em três sets (4,33).
Para quem gosta de combinadas mais do que ousadas, tentemos algumas: 1) Tsitsipas ganhando de virada mais Denis Kudla vencendo em três sets (30,33); e 2) Pella e Sinner vencendo de virada (64,00). Será?
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