Miami: um olhar antecipado para o futuro do circuito masculino
Nem Serena Williams nem Roger Federer nem Rafael Nadal nem Novak Djokovic. Por motivos diferentes, os maiores campeões de slam dos últimos 20 anos do tênis não estão no Miami Open, que começou nesta segunda-feira, nos Estados Unidos. O torneio combinado inclui um Masters 1000 da ATP e um WTA 1000 e, em condições normais, seria um dos grandes eventos do primeiro trimestre. No entanto, por causa da pandemia e de calendários alterados, o Miami Open 2021 terá um visual bem diferente este ano, com muitos desfalques e sem público nas arquibancadas.
O resultado é que as chaves do torneio deste parecem uma prévia do que pode ser o tênis em, digamos, 2025 ou, quem sabe, 2030. Entre os homens, os principais cabeças de chave são Daniil Medvedev (25 anos), Stefanos Tsitsipas (22), Alexander Zverev (23) e Andrey Rublev (23). Na WTA, as quatro maiores pré-classificadas são Ashleigh Barty (24), Naomi Osaka (23), Simona Halep (29) e Sofia Kenin (22) - e, sendo bem justo, Serena (39 anos, #7) não afetaria aqui, já que as quatro citadas são, de fato, as primeiras do ranking.
Entre os homens, será o primeiro Masters 1000 desde 2004 sem Federer, Nadal e Djokovic, e isso significa que, mesmo sem público nas arquibancadas, haverá uma dose extra de pressão sobre a nova geração. O grupo encabeçado por Medvedev nem é tão jovem assim, mas será a primeira vez em que todos holofotes estarão voltados para eles. Se isso é bom? Depende do que acontecer nas próximas duas semanas. Ao mesmo tempo em que é uma chance para Daniil, Sascha, Stefanos e Andrey mostrarem como podem reinar no circuito, o que diriam (e diremos!) se nenhum deles for campeão em Miami? As comparações com o domínio do Big 4 nas últimas décadas parecem inevitáveis.
Na chave feminina, é claro que o torneio perde sem Serena - especialmente para o público local e os veículos de mídia americanos - mas a WTA já não depende da veterana. Osaka, campeã de quatro slams, e Simona Halep, campeã de Wimbledon e Roland Garros, já estão bem estabelecidas e confortáveis em seus papéis no circuito. Barty e Kenin também são campeãs de slam, e o grupo que "corre por fora" inclui gente de peso como Garbiñe Muguruza, Petra Kvitova, Bianca Andreescu, Victoria Azarenka e outras campeãs. Será um evento fortíssimo mesmo sem Serena.
Olho nos brasileiros
Por enquanto (escrevo isto na noite de segunda-feira), Thiago Monteiro é o único simplista brasileiro garantido na chave principal do Masters de Miami. Thiago Wild está disputando o quali, enquanto João Menezes foi eliminado na primeira rodada do torneio classificatório, e Felipe Meligeni desistiu de viajar porque sofreu uma lesão nas costas na última semana. Nas duplas, Bruno Soares e Jamie Murray são os cabeças 6. Marcelo Melo e Jean-Julien Rojer também estão na chave (não são seeds), e Marcelo Demoliner aguarda uma desistência para entrar na chave junto a seu parceiro, Santiago González. Na chave feminina, Luisa Stefani e Hayley Carter são presença garantida e brigam pelo título, ainda que correndo por fora.
No circuito feminino, Gabriela Cé, Carol Meligeni, Bia Haddad Maia e Ingrid Martins estão no W25 de Buenos Aires, no saibro, esta semana. Apenas Gabi está na chave principal, e vale lembrar que Bia Haddad é sempre um nome forte em um evento assim. Além disso, por seu ranking atual (#342), suas vitórias oferecem odds mais interessantes do que proporcionariam em outros tempos. No saibro e numa chave em que a principal cabeça de chave é apenas a #171 do mundo, Bia pode muito bem conquistar o título.
Odds que eu acho que acho interessantes
Para conquistar o título feminino, sugiro Osaka (4,75), Barty (10,00), Andreescu (17,00), Azarenka (26,00), Kenin (34,00) e Bencic (67,00). Dá para ir pesado em Osaka, que é a grande favorita, mas também é possível distribuir apostas pequenas nas outras. Notem que Barty, Vika e Bencic (Sabalenka a 11,00 é outra opção) estão no mesmo quadrante, então é possível ir nas três e ter uma chance maior de acertar uma das semifinalistas.
Como o torneio coloca as 32 cabeças de chave já na segunda rodada, é traiçoeiro apostar nos jogos de primeira fase. Há duas linhas de raciocínio possíveis aqui. Apostar apenas em odds altas, já que não há tanta diferença assim de nível; ou apostar apenas em odds bem baixas, onde houver uma clara favorita. Vejamos o que temos de opções para esta terça-feira:
No lado da segurança, Barbora Krejcikova paga 1,22 contra Anna Blinkova. Krejcikova vem de final no WTA de Dubai, quanto Blinkova perdeu as últimas três primeiras rodadas. Além disso, o único confronto direto registra vitória por 6/0 e 6/2 para a tcheca. Outra opção é pegar as odds de 1,30 para vitória de Jelena Ostapenko (1,80 para vitória em dois sets), que faz um começo de temporada ok, contra Xiyu Wang (#134), que vem de cinco derrotas seguidas. Por último, parecem até generosas as odds de 1,20 para Sorana Cirstea (#66) contra Katrina Scott, americana de 16 anos, #440 do mundo, e que vem de derrotas cedo em W25 em Orlando e Newport Beach.
Para os ousados, minhas opções seriam Paula Badosa sobre Jil Teichmann com odds de 3,20; Madison Brengle sobre Shelby Rogers a 4,50; e Kristina Mladenovic sobre Danielle Collins a 3,20 (ou até Collins vencendo em três sets a 4,00). Apostando o mesmo valor nos três jogos, basta acertar um para sair lucrando.
Entre os homens, Medvedev é o claro favorito ao título, mas as odds de 3,10 são quase nada convidativas. Tsitsipas (8,00) e Zverev (8,00) são opções mais atraentes. E pra quem quiser arriscar muito, mas muito mesmo, sempre existe a opção de apostar em um sacador americano - até porque na "semana certa" eles sempre têm alguma chance. Entre eles, Isner paga 101,00, enquanto Querrey paga 401,00. Não preciso dizer que os dois são mega-ultra-hyper-azarões, certo? Fica por sua conta e risco.
Para as primeiras partidas do torneio, vale o mesmo princípio que citei para as mulheres acima. Há equilíbrio na maioria dos duelos. Assim, citarei igualmente três que são bastante favoritos e três azarões que paguem pelo menos 3,00 para um. Marin Cilic não vive um brilhante momento, mas é bem favorito (odds de 1,20) contra Federico Coria, que perdeu três dos últimos quatro jogos que fez e não atua na quadra dura desde a primeira rodada do Australian Open. O mesmo vale para Pierre-Hugues Herbert, que foi vice-campeão do ATP 250 Marselha, seu último torneio, e vai encarar Pedro Sousa, que vem de um Challenger no saibro. O francês paga apenas 1,14. Outro favoritaço, pelo menos na primeira rodada, é o mesmo Querrey (1,10) que citei acima. Não tanto por seu momento, mas porque vai enfrentar Yen-Hsun Lu, que, aos 37 anos, tenta mais uma volta ao circuito. Ele não vence uma partida desde abril de 2018. Este ano, disputou o Australian Open e o Great Ocean Road Open e não venceu nenhum set.
Para quem quiser ousar, os azarões dos jogos acima pagam 4,50 (Coria), 5,50 (Sousa) e 7,00 (Lu). Opções menos, digamos, ousadas, são Stefano Travaglia sobre Frances Tiafoe (odds de 3,00) e, no qualifying, Renzo Olivo sobre o wild card Emilio Nava (3,40).
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