Na antepenúltima semana do ano, vale até olhar para a Austrália
A cada semana que passa, o circuito mundial se encolhe, diminuindo as opções dos apostadores que buscam cada pequena oportunidade para lucrar com o esporte que amam. A WTA deu pouquíssimas oportunidades após Roland Garros; a ATP encerrou seu calendário com o ATP Finals, no fim de novembro; os Challengers terminaram há pouco mais de uma semana; e os últimos sete dias ainda contaram com o interessante W100 de Dubai.
De hoje em diante, nosso oásis vira uma piscininha de borracha em que mal cabe seu cachorro. Para esta semana, sobraram apenas dois M15 e W15, ambos em Antália e Monástir, duas conhecidas "bolhas" do tênis mundial, e um W25 em Selva Gardena (Itália, quadras duras), que acaba sendo o evento mais forte da semana. O torneio tem até uma top 100, que é ucraniana Marta Kostyuk (18 anos, #99), que levou a japonesa Naomi Osaka a um terceiro set no US Open deste ano. A chave ainda tem outras seis top 200, o que descomplica um pouco a tarefa dos apostadores - e descomplicar, infelizmente, é diferente de simplificar.
Em tempos difíceis como estes, vale a pena até olhar com um pouco de carinho para alguns torneios que não contam pontos nos rankings de ATP e WTA, como os UTR Pro Tennis Series - eventos que usam o Universal Tennis Rating (UTR), uma espécie de ranking/avaliação que, em tese, pode ser aplicado no mundo inteiro e para qualquer nível de jogador. Nesta semana, há torneios assim em Sydney e Brisbane, na Austrália, e na Flórida, nos EUA.
Os UTR Pro Series, por não serem eventos com chancelas ATP/WTA, costumam render duelos curiosos. Em Brisbane, por exemplo, o ex-top 20 Bernard Tomic (atual #226) enfrenta o jovem Philip Sekulic, de 17 anos, que nem aparece no ranking da ATP. Em Sidney, o duplista Matt Reid, que não joga simples desde oficialmente desde 2018, encara o também jovem James McCabe, 17 anos, número 223 do ranking mundial juvenil (ele também não aparece na lista da ATP). Esses jogos, porém, costumam ter um favorito muito óbvio, o que faz o risco não valer a pena. Quem confiar em Tomic em um torneio que não conta pontos na ATP vai encontrar odds de 1,11. Alguém acha vantajoso? Eu, não.
Além disso, lembremos que rankings não dizem tanto assim nesse nível de M15 e W15, que são torneios com premiação de apenas US$ 15 mil e costumam reunir jogadores com ranking de 300 para baixo. Todo cuidado é pouco. Talvez valha a pena correr alguns riscos, mas apostando valores bem baixos. O momento não é propício para loucuras.
Odds que eu acho que acho interessantes:
Seguindo a linha de raciocínio acima, que tal arriscar com valores baixos? Uma vitória de Sekulic sobre Tomic paga 6,00. Não é o mais provável dos resultados - longe disso - mas vai que Bernardão está naqueles dias preguiçosos que todos sabemos que ele tem? É uma tentativa.
Em Selva Gardena, há dois nomes interessantes em que vale investir. O primeiro é Marta Kostyuk, top 100 e cabeça de chave 1. Depois de vencer a primeira rodada sobre a espanhola Nuria Parrizas-Diaz por 6/2, 3/6 e 6/1, ela encara a vencedora do duelo italiano entre Sara Gambogi (#764) e Laura Mair (17 anos, sem ranking WTA). Kostyuk será favorita de qualquer modo (jogo sem odds na hora desta postagem).
O outro nome recomendável neste W25 italiano é o da croata Ana Konjuh, atual #537, mas que já foi número 20 do mundo. Konjuh sofre há três anos com uma lesão no cotovelo, mas teve bons resultados neste nível em 2020. Ela estreia contra a qualifier italiana Lucia Bronzetti (#340) e deve ter odds mais atrativos por causa de seu ranking. (jogo sem odds na hora desta postagem)
No UTR Pro Tennis Series de Brisbane, a gente encontra outro daqueles jogos em que talvez valha uma aposta modesta num azarão. Uma vitória da australiana Alicia Smith (#684 do mundo) sobre a compatriota Maddison Inglis (#130) paga 8,50. E se você pergunta por que diabos eu acho que a número 684 do mundo tem alguma chance de superar a #130, a resposta é simples: já aconteceu. Foi no dia 30 de outubro, também num torneio da série UTR Pro, e Smith triunfou por 6/3, 3/6 e 13/11 (os jogos são decididos com match tie-break em vez de terceiro set, o que aumenta a chance de zebras). E antes que você, caro apostador, se empolgue demais, vale a ressalva: depois desse jogo, Inglis e Smith já se enfrentaram outra vez (1º de dezembro), e Inglis venceu fácil por 6/2 e 6/1. Alice não é zebra por acaso, ok?
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