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Fim de temporada é quase sempre um período complicado para Rafael Nadal. É época de jogar em quadras mais rápidas e indoor, onde as bolas quicam menos e não há variação de vento ou temperatura. Além disso, o espanhol costuma chegar a esse momento com o corpo bem desgastado, sem as condições ideais para brigar pelo título do Masters de Paris. Não é por acaso que nos últimos dez anos Rafa deixou o torneio fora de seu calendário em nada menos do que seis vezes. Logo, não é por acaso que o atual número 2 do mundo, campeão 13 vezes em Roland Garros, jamais levantou o troféu do outro grande torneio de Paris.

Este ano, porém, Rafa tem uma chance rara no evento. Além de ter poupado seu corpo tanto involuntariamente (o circuito ficou cinco meses parado por conta da pandemia) quanto de maneira planejada (não disputou Cincinnati+US Open), Nadal chega à capital francesa encontrando uma chave cheia de desfalques. Roger Federer, lesionado, era uma ausência esperada. Novak Djokovic também anunciou que não competiria este ano. Dominic Thiem, que teve bolhas no pé na semana passada, em Viena, também está fora. Logo, temos um Nadal em boa forma física, vindo de uma atuação espetacular na final de Roland Garros, jogando um torneio mais fraco do que o habitual. É uma combinação raríssima jogando a favor de Rafa nesta época do ano.

Ainda assim, é bom lembrar que o sorteio não lhe foi tão favorável. Na parte de cima da chave - a mesma de Rafa - estão os dois tenistas em melhor momento no circuito (pelo menos dentro de quadra!): Alexander Zverev foi campeão dos dois ATPs de Colônia e soma oito vitórias consecutivas, enquanto Andrey Rublev venceu 19 das últimas 20 partidas que disputou. No período, o russo foi campeão em Hamburgo, quadrifinalista em Roland Garros e campeão em São Petersburgo e Viena. Um dos dois deve alcançar a semifinal e encarar Nadal - se este confirmar o favoritismo, obviamente.

A parte de baixo da chave é mais difícil de prever. Os principais cabeças são Stefanos Tsitsipas, que não foi tão bem assim em Viena - parecia mal fisicamente, e Daniil Medvedev, que faz um pós-paralisação decepcionante para os seus padrões, com derrotas na primeira fase em Hamburgo e Roland Garros, um tombo na segunda rodada (para Opelka) em São Petersburgo e uma eliminação nas quartas (para Kevin Anderson) em Viena. Além disso, essa parte da chave tem os perigosos Milos Raonic, Félix Auger-Aliassime, Karen Khachanov, Kevin Anderson, Marin Cilic e até o italiano Lorenzo Sonego, que eliminou (um meio desinteressado, é verdade) Djokovic em Viena.

Última vaga no Finals em jogo

O ATP Finals, torneio que reúne os oito melhores tenistas da temporada (este ano, excepcionalmente, terá os "oito primeiros do ranking"), já tem sete classificados: Djokovic, Nadal, Thiem, Medvedev, Tsitsipas, Zverev e Rublev. A última e oitava vaga será definida em Paris, e o principal candidato é Diego Schwartzman, que tem 3.285 pontos. Atrás dele vêm Matteo Berrettini (3.075, mas perderá 200 pontos na próxima segunda-feira), David Goffin (2.555) e Pablo Carreño Busta (2.400).

Odds que eu acho que acho interessantes:

Apostar em Paris é um tanto traiçoeiro. Do mesmo jeito que as lesões derrubaram favoritos em Viena, ninguém da elite se arrisca demais na capital francesa porque o ATP Finals está se aproximando e há muito em jogo. Portanto, convém optar por apostas seguras. Nadal paga apenas 1,08 contra Feliciano López, mas Rafa já está treinando no local do torneio há alguns dias e parece bastante interessado em ir bem. Quem quiser arriscar um pouco pode pegar as odds de 1,42 para uma vitória de Nadal em sets diretos. Fica aqui, porém, um alerta: Feliciano saca bem e joga pontos curtos. Não seria nada impossível uma vitória dele no primeiro set contra Rafa. E as odds para ele ganhar um set são de 2,62. Pensem bem antes de tomarem suas decisões!

Uma regrinha que costumo seguir é nunca apostar em sacadores na primeira rodada de um torneio porque, bem, eles dependem de um fundamento que pode não estar calibrado - necessita adaptação ao tipo do torneio, além de treino, é claro. E nunca sabemos o quanto esse tenista está treinado nem o quanto o piso do torneio vai ajudar seus saques. Dito isso, Raonic parece uma aposta segura contra Bedene. O canadense venceu os quatro últimos confrontos com o esloveno sem perder sets. Odds de 1,20. Além disso, se estiver com o saque calibrado, Raonic será favorito também na segunda rodada e me parece um ótimo nome para eliminar Berrettini em um eventual duelo nas oitavas. É importante acompanhar seu desempenho no começo do torneio.

Rublev está invicto há dez jogos e é favoritaço no papel contra Radu Albot, #90 do mundo (odds de 1,06). No entanto, o russo já está classificado para o ATP Finals e, quem sabe, pode dar sinais de cansaço. Como escrevi acima, ninguém se arrisca muito em Paris, e eu não apostaria (muito menos literalmente) que Rublev vai longe esta semana. O dilema, para mim, é saber quando e como ele vai perder. Quem achar que Albot tem uma chance pode aproveitar odds generosas de 9,00. Será? Eu não ouso, mas recomendo atenção à atuação do russo. Um setzinho vencido por Albot paga 3,20.

De modo geral, as odds para os favoritos nas duplas são mais interessantes do que nas simples. Isso acontece porque o formato da modalidade (no-ad e match tie-break) favorece zebras. Ainda assim, não são nada ruins as odds para triunfos de Murray/Skupski (1,36) sobre Qureshi/Tsitsipas, De Minaur/Evans (1,44) sobre Gaston/Humbert e Gillé/Vliegen (1,42) sobre Medvedev/Struff.